terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Ouvi dizer...

        Não coleciono muitas histórias como gostaria mas ouço as que me contam com atenção redobrada, quero aprender com isso a ver a vida sobre outros ângulos, em versões diferentes.
       Existem autores que primam nas suas obras ao apresentar sua versão dos fatos, em relatos minuciosos. Eu tenho a minha opinião sobre muitas coisas, mas entendo que cada um na sua experiência na vida, também precisa falar o que quer e o que pensa das coisas; difícil mesmo é ouvir e ter humildade para aprender...
       Desde pequena, quando morava em Laranjal Paulista, bem próxima do asilo, onde estavam os melhores contadores que conheci, aprecio uma boa história, vibro quando as pessoas começam a falar e suas vozes vão se alterando, riem e até choram ao contar os fatos que marcaram suas vidas.
      Hoje quero poder deixar livre as minhas lembranças, para falar das histórias que ouvi, de pessoas que conheci, e talvez fazendo jus a elas, tenha encontrado o meio de divulgar algumas coisas boas pra quem quiser conhecer outra versão que não seja a sua, do mundo e das pessoas.



       Ouvi dizer: numa pequena cidade, veio trabalhar como policial, um homem pacato de pouco falar; muito respeitado, era a autoridade do lugar...  Tinha por costume caminhar pelo meio da rua brincando com um palito entre os dentes. Um dia alguém teve coragem em perguntar o porque não caminhar rente as lojas e casas, porque escolhia o meio da rua?  Ele respondeu:
" -É pra ninguém me incomodar; e o palito? é pra não poder falar ."



        Ainda ouvi dizer, de um outro homem que casou com uma mulher muito brava, que gritava e reclamava dia e noite, noite e dia, da casa e do marido. Infeliz a esposa e feliz o marido que passava na lojinha e comprava um batom bem vermelho, destes baratinhos depois caminhava tranquilamente para o outro lado da cidade, e quando lhe perguntavam:
" -  Pra onde tá indo?" Ele respondia sorrindo:
" - Tô indo pra onde me chamam de: meu bem..."



       Ouvi dizer, de uma mulher trabalhadeira e muito conhecida em sua cidadezinha, todos a respeitavam e conheciam sua franqueza; de todos os seus filhos, um escolheu ser político. Ele não pediu o apoio da mãe, coisa que o outro candidato fez. O filho não foi eleito e reclamou pra mãe a falta de apoio por parte dela. Ela respondeu :
 "- O Seu Fulano é meu conhecido, trabalhei pra família dele; ele mesmo veio conversar comigo e pedir minha ajuda, e você?   Meu filho, quando você escolheu ser político, nem veio falar com sua mãe, saiba que não basta  dizer de quem é filho. Todos conhecem você e me conhecem também, sabem que eu só ajudaria: o melhor. "



    Ouvi a seguinte história: uns amigos se reuniram para relembrar o passado; homens maduros, riram e lastimaram das lembranças do tempo em que eram jovens; comeram e beberam; na hora de se despedir foram levar o mais velho e debilitado,  que já não andava com facilidade, pra casa que ficava longe do centro. Era inverno e aquela noite parecia ser a mais fria do ano. Ao chegarem na casa do Fulano, vendo que ele estava pouco agasalhado e temendo por sua saúde, falaram que deveria entrar, no que o ajudariam. Ele recusou ajuda e não queria entrar, insistiram e nada.
"- Por que não entra tá frio demais?"
" -Podem me deixar aqui mesmo nesta cadeira...matei muita Curruíra e Pardalzinho...quando morrer quero ter certeza que já paguei meus pecados aqui mesmo e que vou pro céu."



Ouvi dizer tantas coisas...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Conversa de lavadeiras...tô dentro.

Não existia sequer uma idéia de que o nome para a safadeza dos patrões era Assédio, nos meus tempos de menina e, já ouvia relatos das mais moças o quanto sofriam com este tipo de " crime".
Moravamos num  bairro simples com casinhas financiadas pela Caixa separadas por cercas de taquara; minha mãe tinha por costume conversar, enquanto lavava as roupas, a famosa conversa das lavadeiras. Sobre estes costumes tenho algo à dizer, nunca vi as mulheres abandonarem suas responsabilidades pra ir conversar, assim como muito homens fazem.As mulheres nunca tinham a liberdade de sair para relaxar, onde deixar as crianças pra depois do trabalho, ir  pra um lugar qualquer trocar idéias, desabafar, tomar uma cerveja com as amigas,  isso era inconcebível." Mulher deveria esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque" diz o ditado popular.
Pelo contrário, lembro da minha mãe pondo a roupa para quarar, colocando anil para que ficassem branquinhas, não existia fraldas descartáveis e como eramos pobres, ela corria lavar as que podia para que não tivessemos assaduras, lembro o zelo com a farda do meu pai, que tinha que estar impecável.
 Foram muitas às vezes em que passava dias sozinha sem uma pessoa para conversar, para ajuda la a cuidar de tantas crianças pequenas, para ouvir seus desabafos , tirar suas dúvidas, até para socorre la em qualquer situação de necessidade; meu pai ia de um trabalho para outro e não aparecia em casa.
Eramos nós ali sozinhos, distantes da família que ficou em Sorocaba, enquanto morávamos em Laranjal. Cansada de lavar, passar e cuidar das crianças e com o marido sempre fora, minha mãe precisava conversar, é natural. Só tivemos uma TV quando eu já contava com 8 anos , o mundo da minha mãe se resumia somente as pessoas que entravam em nossa casa e as vizinhas que acabavam tendo grande importancia em nossas vidas, foi atraves destas amizades que construíamos a nossa rede social, elas acabavam sendo mais próximas que nossos tios e tias, elas eram nossas madrinhas, nossos anjos guardiões. As vizinhas eram nossa referência e seus filhos,  mais que amigos, quase irmãos...com eles compartilhavamos nossos sonhos, aprendíamos a viver... Também aprendi o significado da conversa das lavadeiras, era gostoso  ver as mulheres falando alto, rindo e contando os causos das outras mulheres e sempre ali: esfregando e batendo a roupa no tanque.
 Tinha também as famosas horas do tricô, momento em que sob o pretexto de tricotar, costurar, fazer um enxoval, aprender um ponto novo: as mulheres se reuniam para prosear.
Nestes momentos elas iam além da mera aprendizagem e confecção de colchas de retalhos,  faziam sua terapia, contavam seus segredos, revelavam seus medos e compartilhavam seus conhecimentos...Quanta coisa aprendi assim com essas mulheres; ouvindo, observando a sua forma de resistencia ao ostracismo da vida privada, a sua forma de valorizar o trabalho doméstico que a sociedade faz questão de não qualificar como produtivo, e se torna quase que um trabalho escravo, que a mulher executa várias vezes ao dia, todos os dias, e por ele não recebe nada. O não reconhecimento desta preciosa contribuição, que só mesmo quem ama é capaz de fazer, passa por caracterizar mais uma das injustiças de uma minoria para com a maioria de nós.
Voltemos as conversas da minha mãe com a vizinha enquanto lavavam e quaravam a roupa suja...Foi exatamente numa destas conversas que ouvi falar pela primeira vez de assédio sexual, só que com o nome " safadeza".
 A história era mais ou menos assim, uma adolescente foi trabalhar de empregada na casa de um casal com quatro filhos, como empregada e babá, ganhando uma miséria, acontece que a tal moça era muito inteligente e continuou estudando, até que conseguiu trabalho no comércio do pai do patrão e aí...todos falavam que a moça vinha chorando do trabalho, chegou a aparecer com as roupas rasgadas e quando ela acusou o patrão, foi severamente julgada por todos como: culpada.
Sim, ela é que era apontada como responsável pelo assédio; uma moça bonita, inteligente, ninguém tinha dúvidas de que era uma cobra querendo roubar o marido da ex patroa.
 Conheci a tal moça ,  morava ali pertinho da minha casa, a descrição que faziam dela não correspondia com o que eu via. Uma adolescente mulata, de aparência simples, sem grandes atributos físicos, nada de peitões e bunda grande, mais parecia uma menina, pequena, daquelas que não ficam quietas. Possui uns olhos trigueiros que denotavam toda sua esperteza, eram grandes, atentos... Era ela a filha mais nova de um casal de idosos que dependiam dos seus cuidados. A casinha que moravam era pequena e quase tudo era velho. Minha vizinha, a tal moça, tudo fazia para manter a casa limpa e os móveis conservados, numa atitude bastante responsável.
Onde estava a " mulher sedutora e maquiavélica" que descreviam de boca em boca?
Somente nas explicações esfarrapadas do patrão, para justificar para a família e a sociedade seus abusos...
 Esta moça ficou marcada como a culpada por tudo de ruim que acontecia...não conseguiu mais trabalho, as "amigas" se afastaram...Soube que ela casou com um pobre coitado, alcoolatra e, vez por outra pegava pra lavar roupa e trabalhava na roça.
Como resposta a hipocrisia da sociedade, esta moça foi apontada como quem provocou a situação que acabou com sua vida, somente uma criminosa: a mulher .
 Era comum  a defesa apresentar em crimes, como: estupro, violência doméstica e principalmente os assassinatos a desculpa de uma suposta defesa da honra.  As  mulheres foram tratadas como coisa, tinham donos, que delas tinham posse através: do casamento ou da paternidade. Eram responsáveis em lhes dar filhos,e cumprir com um grande rol de tarefas domésticas zelar pela moral e bons costumes de uma forma tal que: muito pouco ou quase nada era permitido pra mulher. Já, aquelas que precisavam trabalhar fora para ajudar o sustento da família, ficavam desprotegidas, presas fáceis de uma sociedade machista que, preferia dar crédito ao homem que abusava que à vítima que denunciava.
Não é difícil de imaginar quantos crimes ficaram impunes.  É grande o número de assediadores, estupradores e assassinos que se livraram da acusação de um crime, pelo simples fato da resistencia em:  não querer expor à público o que se passa na vida privada.E tudo em nome de uma falsa moral e costumes, muito mais tolerante com o criminoso, assim passamos a condenar a  vítima ao isolamento e ao julgamento, realizado sem um mínimo de condescendência. Foi este o tratamento dado  durante muito tempo as mulheres que ousaram denunciar os crimes cometidos por seus chefes, seus patrões.
Quando comecei a trabalhar, ainda menina, tinha a mesma preocupação: não seria a proxima a sofrer assédio? não receberia o mesmo tratamento? Ficava receosa e, quando percebia da parte do patrão qualquer tipo de elogio ou atenção corria pedir pra minha mãe conseguir outro trabalho.Até que cresci e tive que enfrentar chefes e patrões e em algumas ocasiões situações  fiquei exposta ao assédio...cada vez mais fui buscando meios de defesa, velhas conhecidas das mulheres: roupas menos femininas, cara fechada, dizer que o pai ou o namorado vinham buscar, fugir de ficar sozinha com o chefe, não rir de brincadeirinhas, não aceitar presentes, nem convites, não ficar até mais tarde...e fui cada dia tornando o meu trabalho uma batalha, em que eu ficava entrincheirada, na defesa, camuflada pra não despertar o interesse de chefes e patrões, confesso que isto sempre me incomodou.
Não sei quando a minha revolta e indignação começou a ser generalizada para homens e mulheres, percebi que o medo de perder o trabalho, a submissão das mulheres só fazia aumentar a impunidade daqueles homens que praticavam " crime" contra os costumes. Não dava pra aceitar que sempre o criminoso saísse impune. Busquei entender este tipo de sociedade, formada por homens e mulheres, que tratam seus agressores com tanto cuidado enquanto são capazes de destruir a vida dessas mulheres. São conhecidas as frases:"em briga de marido e mulher ninguém mete a colher" ou " tapa de amor não dói"  pior ainda " ela é igual mulher de malandro, gosta de apanhar".
 A nossa sexualidade é um estigma, temos que oculta la, já a facilidade dos homens em ter muitas parceiras e usar de violência passou despercebida e foi devidamente tolerada durante muito tempo.
 Hoje os jovens abusam da sua liberdade sexual, desprezam as convenções, porque bem mais críticos  que nós eles questionam a moral apresentada pela sociedade, acabaram por deixar valores importantes pra traz: como família, filhos... Estão perdidos entre as mentiras que dissemos, e que eles descobriram, e o mundo globalizado e sem regras que eles tem acesso.
O assédio virou lei, tem previsão de punição mas, para conseguir as tais provas ainda dependemos da sociedade e da sua parceria para punir os culpados, ainda enfrentamos a moral hipócrita do passado.
 Hoje temos outro tipo de assédio que também está sendo muito debatido e que vem prejudicando muitos trabalhadores: Assédio Moral.
Impossível não ter uma histórinha , um exemplo sequer sobre o tema.
Trabalhando na política descobri que sou mais rebelde e talvez teimosa do que pensei que fosse, sem citar nomes, vou falar de algumas situações que não guardo por que me deixaram saudades mas, que provocaram em mim uma reação de indignação que carrego até os dias de hoje e me fortalecem cada vez mais nos meus ideais.
Eu fui durante muito tempo tão somente mãe e esposa e não trabalhei para fora, no entanto fiz tudo que pude pela minha família. Considero como produtiva esta contribuição, vejo nos meus filhos o quanto, o amor e o respeito que ensinei estão dando frutos, muito mais com exemplo que com palavras, numa parceria que nos torna cumplices por toda a vida...
Foi então que comecei à trabalhar, tateando aqui e ali, buscando aprender...mas as pessoas ao meu redor já tinham me classificado e rotulado como "incapaz", e tudo fizeram para provar minha "incompetencia."
Ninguém me ajudava no computador... não tinha uma mesa, uma cadeira, nada que fosse importante era passado para que pudesse desenvolver, constantemente era motivo de piadas.
Fui deixando de lado toda a fé nas pessoas, comecei a acreditar que não sabia e nunca aprenderia nada, que somente estava ali por pura piedade e simpatia dos patrões.
 As  reuniões eram agendadas fora de hora, pra ver se eu não iria faltar , pois sabiam dos meus compromissos com meus filhos, diziam isto abertamente. Os supostos, grandes e insuperáveis homens,  meus chefes e o mais triste, das  mulheres também, recebi muitas críticas e desdém. Como uma pessoa sem nível universitário entre elas? Quem era responsável em colocar, uma simples " dona de casa", que fala da sua rotina, do almoço, dos serviços domésticos, que pega crianças na escola, que fala da família...num espaço político, de gente graúda, poderosa?
 Num determinado momento ouvi o seguinte: " eu te pago e você obedece"...num outro " quem você pensa que é sem nós" ou " com o que pagamos vocês poderíamos pagar duas outras secretárias de nível universitário" ... MENTIRA!
Percebi que todo meu trabalho passava despercebido, minhas idéias eram usurpadas pelos mais "ladinos" e melhor apresentadas numa pasta , digitadas e fui sendo desqualificada.
Acontece que temos o nosso limite e com certeza não eram estas pessoas e suas presunções que iriam acabar com minha auto estima, aprendi muito com meus avós, sobrevivi a violência e as torturas do meu pai...e não seria desta vez que eu cairia. Manifestei minha vontade de sair e fui bater noutros costados...e fui caminhando e outras pedras encontrei pelo caminho, pessoas parecidas, situações identicas.
 Num outro trabalho, tive um tratamento quase que igual, só me deram uma mesa e uma cadeira e tão somente isto, nenhum papel...nada pra fazer. Comecei por atender o telefone, anotar recados e números e a montar uma pequena agenda, depois fui organizando papeis...limpando mesas e acabei por ser útil.
 Posso também falar de mais um trabalho , em que as pessoas tinham receio que eu fizesse algo ou que entendesse a minha função, na verdade percebi que tudo era muito bem encaixado, todos eram muito " amigos" e que eu não era bem vinda. Não sou uma pessoa ambiciosa e não tenho o que poderia ser classificado como hábitos caros e luxuosos. Vivo uma vida modesta, somos trabalhadores assalariados, pagamos uma casa financiada, temos o nosso " Pois é"...O que via eram pessoas fazendo várias estravagâncias para viver num mundo que não condizia com seu salário, cheias dívidas...o desespero em ter mais, numa ambição desmedida...construíram para si um mundo de aparências. Eu não poderia ser aceita por eles, não tinha o perfil...não sou capaz de sacrificar minha família por status social, não posso sobreviver  num mundo de ilusões.
 Estou batalhando pra aprender, todos os dias, um pouquinho mais do que sabia naqueles tempos e se por acaso encontro com estas pessoas na rua, o que fica difícil visto que não frequentamos os mesmos lugares, não sinto mais nada.
Ficou a lição e o crescimento que busco alcançar, sempre...A disposição em nunca me perder de minha raiz, a decisão de não me afastar das pessoas simples que passam todos os dias pra ir pro trabalho de onibus, as mesmas que vão buscar os filhos na escola, que encontro nas filas do supermercado, na feira, estas que cada vez mais eu admiro e respeito.
Descobri que sempre fiz Política.A verdade é que "somos" seres políticos. Descobri ainda que,  o fato de ser dona de casa, em nada deve ser encarado como situação de fragilidade ou de motivo de piadas ao contrário, demonstra maior responsabilidade ( veja a nossa dupla jornada) e deve "sim", ser motivo de orgulho para as mulheres. Quem, além das mulheres, teria a competência de fazer e desempenhar nossa dupla, tripla jornada?  Afinei meu discurso e me fortaleci nos meus ideais. Quanto à estas pessoas que dizem fazer política...É possível que elas batam em nossas portas pedindo  nosso voto, tomem nosso café, beijem nossos filhos, doem cestas básicas e camisetas...pois esta é a maneira que conhecem para conquistar o voto. Políticos incapazes de trabalhar como parceiros, conheço seu discurso e suas ações...não tem humildade suficiente para entender as nossas opções, nossos dilemas e  nossa contribuição para que este seja um mundo cada vez melhor, construído com bases sólidas nos valores vindos, do amor e fraternidade.
 Não valorizam a mulher, não assumem nossas bandeiras, não respeitam nossas leis e o princípio constitucional que garante a dignidade da pessoa humana e tratamento igual para homens e mulheres.

Podemos encontrar  na Constituição:
Art 1 -  A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos :
I- a soberania;
II- a cidadania;
III- a dignidade da pessoa humana;
IV- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V- o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art 5  - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I -homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.

Eis o que diz a Constituição Cidadã, é só cumprir e respeitar o povo : homens e mulheres, crianças e idosos...brancos e negros...deficientes...
"Viver e não ter a vergonha de ser feliz"

sábado, 23 de abril de 2011

Meninas Boazinhas vão para o céu, as Más vão à luta.

Não é minha esta frase, na verdade é o título de um livro escrito por uma alemã, Ute Ehrhardt, publicado em meados dos anos 90.
Eu era secretária do Conselho da Mulher quando ouvi falar deste livro.
Confesso que fiquei curiosa, mas nunca o li, ouvi as pessoas que leram dizer que se identificaram com várias questões levantadas pela autora, sua busca por responder quais são as nossas motivações e nossos medos, o que nos leva a determinados comportamentos.
Por que assumimos como nossa, a responsabilidade da educação dos filhos? Por que temos medo das críticas? Por que é tão importante o que pensam a nosso respeito?
Não sei bem se nós teremos respostas objetivas e quantitativas, para explicar o motivo pelo qual, fazemos e aceitamos certas coisas.
Olhando pra minha experiência e para as mulheres que conheci, fica difícil fazer um corte cirúrgico entre o mundo subjetivo, que na mulher é rico e tem um grau de importância ímpar,e o objetivo, este particularmente mais encontrado no homem ou no mundo masculino.
 As mulheres não abrem mão das nuances, da sensibilidade e assumem para si os cuidados com a saúde, educação e principalmente com as memórias afetivas da família: aquela sensação gostosa da casa limpa, do café com leite de manhã, da roupa passada, do chá para melhorar de um resfriado...até daquela frase: leve uma blusa, que pode esfriar. Levar filho na escola, conhecer a professora, participar das reuniões, das festas, preparar o lanche, ajudar na lição de casa, nos trabalhos...
É a mulher que mais lida com o filho desde os primeiros dias, que amamenta ( coisa que sabemos, só faz bem), que troca fraldas, que acalenta...O marido ou companheiro assiste e pode até, sentir o quanto a mulher é poderosa na sua capacidade de gerar a vida e depois, somente com seu leite, manter a criança viva.
A mulher conhece melhor os hábitos de cada um, suas qualidades e defeitos...quem gosta de comer  com molho ou sem, quente ou frio...
Fomos criadas e educadas para exercer o papel conciliador, protetor, de parceira, para perceber a satisfação ou o desconforto das pessoas; para receber bem as visitas, os amigos e os amigos dos filhos.
 Aceitamos uma diferença no tratamento entre os  universos: privado X público. Chegamos mesmo ( sociedade) admitir educação diferenciada para meninos e meninas, proporcionando aos filhos, marido, companheiros que, sejam criados e educados por nós   tendo a oportunidade de ir à luta mais objetiva, num comportamento mais agressivo, uma postura menos contemplativa.
Não sou capaz de afirmar que temos uma divisão rígida do mundo feminino e masculino tampouco do público e privado, sequer afirmo que os homens não tem sensibilidade e que a mulher não é objetiva; não é assim que entendo as relações mas é assim que elas são tratadas por muitos autores, por muitas ideologias e por seguimentos da sociedade.
Somos plurais, temos uma capacidade enorme de aprendizagem e nunca devemos esquecer que as necessidades fazem com que cada um supere as expectativas.
Durante o tempo que participei mais ativamente no Conselho da Mulher, ouvi muitas Palestras, reuniões que acabavam com um delicioso chá, beijos e "até a próxima querida..." e, voltávamos a nossa rotina.
 Falavamos das questões de gênero, do papel da mulher, da violência contra a mulher, de política, das leis; da alta nos produtos da cesta básica, da gravidez na adolescência,  menopausa, estupro,  Assédio sexual, vaga nas creches, falta de médicos nos postos, dificuldades de exames de mamografia...tudo, todos os temas.
Estava mais que comprovada, a nossa visão objetiva de tudo que  precisamos,  acabada a reunião e já na despedida diziamos  ou podíamos ouvir o que cada uma, tinha como preocupação em suas cabeças..." tenho que correr pegar meu filho na escola...tenho que preparar o almoço...nossa esqueci de recolher a roupa e vai chover...preciso avisar minha filha pra tirar a comida do congelador..."
 Muitas das mulheres que participaram das reuniões, acordavam mais cedo pra deixar " tudo no jeito" e pedia pra um dos  membros da família traze la e depois vir busca la.
Nas reuniões políticas o mesmo acontecia, eu mesma fui várias vezes participar de manifestações, de reuniões, nas rádios, levando o Guto e a Mariana no colo, desde pequenos meus filhos me acompanham nas idas e vindas à prefeitura, Câmara, hoje levo comigo o meu neto...
 Nestas  reuniões ou melhor,  naquelas sobre política, foi mencionado a falta da maior participação das mulheres nos partidos, além do preconceito e da desigualdade de tratamento para candidatos e candidatas seria interessante notar  que em nada estes espaços são acessíveis, pois se recusam a enxergar as dificuldades que enfrentamos  em nossa dupla jornada.
Foi feita uma lista de pequenas ações com a proposta de tornar estes espaços mais condizentes com a realidade das mulheres, por exemplo: oferecer um café reforçado para aquelas que viriam do trabalho; espaço e pessoas que ficassem com as crianças para as que não tenham com quer deixar os filhos; horários e dias que não prejudicassem a rotina das mulheres nem a das crianças devido à escola...Foi numa destas reuniões  em São Paulo, quando eu estava trabalhando de assessora, que surgiu a idéia de uma " cartilha" para mulheres candidatas. Foi mais ou menos assim: tínhamos agora a lei de cotas, eu mesma já tinha sido candidata; só que as mulheres sentiam se despreparadas para o pleito. Desconheciam o trabalho de uma vereadora, não podiam contar com a mesma estrutura e apoio que os candidatos, tinham suas responsabilidades com a casa, dos filhos  e teriam que enfrentar o preconceito da sociedade e da família. Afinal, como é uma campanha? A proposta seria fazer um material que ajudasse a mulher, que fosse feito para dar " dicas" de como conduzir uma campanha, como conseguir expor suas propostas, qual é a função de uma vereadora. As mulheres já tinham duas cartilhas  produzidas pelos Conselhos dos Direitos da Mulher Nacional e  Estadual. Trouxe para Sorocaba os problemas levantados nesta reunião e ninguém deu atenção, fiquei decepcionada; mas era comum eu ouvir a seguinte frase: falar de mulher é bobagem, mulher não vota em mulher, é perder tempo...Apresentei a proposta escrita em uma reunião de assessoria e algum tempo depois a idéia veio pronta numa pasta que não mais tinha o meu nome  ou de onde ela surgiu...  Falamos ainda se as reuniões partidárias deveriam ser realizadas em separado, somente para o público feminino ou se teria a participação dos homens...Neste ponto tenho cá minha opinião,
não sei se eles tem real interesse em ouvir aquilo que  fazem questão de ignorar em suas casas. Como se dá ouvir as mesmas coisas que suas esposas, companheiras, irmãs, colegas, dizem o tempo todo...e propositalmente é ignorado, como se fosse uma ladainha qualquer...Quiçá os homens entendessem a importância desta participação, cuidando de atender suas necessidades e ouvindo sua versão dos fatos e do mundo.
O que me causa indignação é o fato de alguns políticos fazerem um discurso recheado de promessas: com e para as mulheres, justamente eles que não respeitam nossa rotina. Facil notar, por exemplo quando agendam as tais  Audiências Públicas , geralmente a mulher é quem mais comparece nesses casos pois os maridos estão trabalhando,e lá vão as mulheres se interar do que está acontecendo na política, mais atuantes e de quebra mais conscientes dos problemas do bairro, da escola, da saúde, do transporte, da educação, que muitos leitores de jornal. Trazendo nos braços os filhos, os netos que nesse dia faltaram da escola, pois não tinha com quem ficar. E para a tal da reunião, elas acordaram mais cedo pra fazer suas tarefas, sendo que algumas elas irão terminar quando chegarem  " mais tarde." Criada a expectativa de uma resposta objetiva as suas necessidades, o que  acontece é um longo debate e um único compromisso: levar ao conhecimento do Executivo...e esperar...
Fica a pergunta: fomos usadas para fortalecer este legislador e seu partido, sim ou não? Fomos manipuladas? Eles realmente estão comprometidos com nossas bandeiras? Conhecem e respeitam nossas necessidades? Continuamos sendo relegadas a invisibilidade e nossa contribuição desvalorizada?
Passaremos da invizibilidade  para o papel de protagonistas das nossas lutas, seremos: meninas más?
Vamos deixar de fazer aquilo que nos ensinaram fazer desde sempre, e vamos delegar estas tarefas a sociedade e ao Estado.
Amamentar? Tem a mamadeira,  temos outras coisas pra fazer e afinal para amamentar é preciso paciência, a criança mama  a cada duas horas, o peito fica dolorido, temos que amamentar à noite...Esqueçam.
Vamos por na creche, afinal trabalhamos, produzimos. Cuidar de criança suga nossas energias. Onde encontrar tempo pra ginástica? Curtir a casa? Depois...Nos finais de semana a criança fica com a avó, com a tia...Hora de descansar, namorar e cuidar da casa. Em que hora  tomar um chopinho com as amigas?
 Comida? Vamos comer pizza, lanches, vamos comer enlatados, embutidos...comida por quilo...nem pensar em ir pra cozinha  o tempo urge...tempos modernos..às 7 hs na creche às 17 hs a tia da Van pega a criança deixa na casa da amiga e lá pelas 19hs a mãe chega...Tudo contado no relógio, no ritmo...Ufa! Eu quero colo, será que a criança também quer? Será que a mulher ainda vai por roupa de molho, fazer algo pro jantar, ir pra escola( faculdade), fazer a unha, dar uma geral na casa...já arrumou a cama? passou roupa? Descongelou a geladeira? Fez a lista de compras? Espere ainda tem que: amar, ouvir, brincar com o filho ou filhos e conversar com o marido ou companheiro...e estar bonita, sorrindo a perfumada.
 Somos capazes de tudo isso? Somos felizes assim sobrecarregadas ou repartidas em nossa vontade de fazer aquilo que esperam de nós e nossa necessidade de sobreviver? Muitas mulheres sustentam sua família e o mundo cobra nossa participação, nossa contribuição nas decisões cruciais que serão as prioridades destes tempos; não vamos fugir de mais esta responsabilidade. Não deixaremos somente pra os homens o ônus da administração do mundo. Vamos nós, mulheres, dar um basta à corrupção; às desigualdades e  preconceitos; à fome; às drogas; à violência; às guerras; à impunidade...   Quanta responsabilidade temos sobre nossos ombros...como somos fortes. E nossos filhos, estaremos sacrificando alguma coisa em nosso relacionamento com eles? Estamos enfraquecendo nossos laços?  Sempre podemos traze los, nossos filhos, conosco pra aprender como se luta, para fortalecer nossos argumentos, para demonstrar à qualquer autoridade política ou não, o quanto nossas necessidades são urgentes e quão digna a nossa luta.
Sempre fazemos opções, mas algumas vezes é gritante a necessidade de sobrevivência, eis que acabam as alternativas e sobre pressão, abrimos mão de uma maior convivência dentro do lar, para que não falte comida na mesa, um teto...
 Cada vez mais mulheres partem para a vida pública, com o foco nas políticas públicas que tem relação direta com: a educação, saúde, moradia...tudo que afeta a vida das famílias,tudo com  tratamento de parceria e responsabilidade social. Deixar de pegar os filhos na escola, de verificar suas tarefas na casa, de pensar na rotina da casa? Jamais!
Minhas queridas e maravilhosas MULHERES de todos os cantos, de todas as raças, de todas as classes, nem Boazinha ou Más.
Penso na riqueza de todos os Debates que participei, nas Palestras que ouvi, nas Reuniões interessantíssimas que estive...mas não me esqueço da aflição de todas em voltar pra casa e cuidar da sua família. VIVA AS MULHERES.!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A arte da guerra

            Posso falar de muitas coisas e , com certeza perderei de contar outras tantas mais relevantes e interessantes que estas que selecionei.
           O mecanismo que temos para imprimir importância maior deste sobre aquele vem da nossa sensibilidade em retirar somente o que nos tocou, e fez com que aprendecemos algo, assim se faz na educação, você apreende algo de tudo que te ensinaram, você seleciona aquilo que lhe é útil . A educação tem que ter sentido, ser útil e sensibilizar o aluno para que apreenda a matéria, assim mude de comportamento.Porque quando aprendemos algo, mudamos nosso comportamento, isto em relação a nova condição que estamos, agora detentores de uma informação, que nos torna aptos para uma mudança, por exemplo: aprender a ler. Quantas coisas mudam quando somos alfabetizados.
              Vou falar da minha avó paterna, numa circunstância que me tocou profundamente.
             Vínhamos poucas vezes para Sorocaba e quase sempre na casa da minha tia Miriam, irmã da minha mãe, mas aconteceu de meu pai vir visitar minha avó e acabou me deixando passar uns dias com ela.
            Foram dias especiais, ficava ao seu lado assistindo TV; entre um ponto e outro de  uma linda blusa que ela tricotava para minha tia eu atendia seus pedidos pra ler alguma coisa que ela desejava saber, numa revista qualquer de crochê e tricô. Quando meu pai veio pra me levar trouxe minha irmã Urda, sim é este mesmo o nome dela: Urda. A Urda tem uma forma mais dura de falar e de ver as coisas, pra ela não tem nuances ou é preto ou branco, sempre foi mais agressiva e determinada naquilo que deseja, temos uma diferença de dois anos, e no meio  de nós tínhamos um irmão que faleceu ainda bebê.
           Retornando a cena da minha avó... estávamos na pequena cozinha da casa da minha avó e ela perguntou a idade da minha irmã,...
         -Sete vó
         -Tá na escola então?
         E a conversa caminhava por aí quando minha irmã encontrou a mesma cartilha que ela usava, no meio das linhas e das lãs da minha avó.
        -Você achou meu livro, eu também vou pra escola.
        Minha irmã, sem cerimonia começou a ler a cartilha em voz alta...
        Percebi nos olhos da minha avó o quanto ela se sentia inferiorizada, humilhada...Ela parou o que estava fazendo, abriu outras páginas da cartilha e pediu pra minha irmã confirmar que sabia ler aquilo também...mais uma página...outra...até que ela disse que não adiantava nada pra velho saber ler e que não iria mais na tal escola já que era cabeça dura demais e não aprendeu nada.
       -Minha netinha já lê a cartilha todinha, já conhece o ABC...mas não sabe crochê sabe?
       -Não vó.
       -Se quiser a vó te ensina.
       - Não gosto de crochê vó.
        Neste momento, lembro que pedi pra ela me explicar os pontos da blusa e prometi que ia ensina la a lêr...minha avó recusou minha ajuda mas me ensinou mais do que crochê.
      Quando olho os trabalhos feitos por minha vó, fico orgulhosa em ser sua neta, uma mulata  analfabeta, pobre, que fazia tantas coisas sem conhecer uma só palavra.
        Exemplos recebi também do meu avô materno, que muito pouco frequentou uma escola, talvez alguns meses, e lia muito bem. Trabalhava como marceneiro e fazia pisos de madeira, telhados, móveis, brinquedos, tudo com medidas exatas, ângulos...nunca perdia um tábua sequer, era serviços eram sempre elogiados...com mais de 60 anos aprendeu  pintar quadros...admirável.
      Tempos difíceis aqueles, onde enfrentaram uma Revolução; o tifo; a febre Espanhola; a falta de hospitais, médicos...onde a grande maioria era analfabeta...
      Como eles sobreviveram?
       Creio que eles venceram a guerra. Eles lutaram contra as discriminações, romperam limites...pela vida, pela família.  Conheciam seus inimigos e sabiam quem eram e tinham a motivação porque lutar... não se abateram... não recuaram e graças a as suas vitórias estou aqui.
      Sun Tzu escreveu " A arte da guerra", há 2.500 anos onde dá conselhos de como um governante e um general poderão obter grandes resultados nas suas empreitadas na guerra.
      Meus avós deixaram exemplos de como sobreviver na guerra e compreender como mais importante  manter se vivo e capaz de retomar as armas...espero não esquecer estas lições: ter orgulho de ser quem sou, da minha história; ser humilde e nunca submisso e acreditar que com esforço próprio é possível superar seus limites e combater as desigualdades.
     Na escola tive pouquíssimas amigas, no máximo duas: Maria Inês e a Raquel.
     Ambas em situação financeira melhor que a minha, tanto é que minhas roupas vinham do guarda roupas delas. Meus cadernos de tarefa, eram as folhas de papel de pão costuradas com linha e agulha e suas linhas feitas com régua pela minha mãe. Nosso colchão era de palha, nossa coberta era feita de pedaços de saco de estopa e couro de animais costurados num pano de morim, aquilo esquentava e era tremendamente pesado, mal conseguíamos nos mexer à noite.
      Plantávamos, criávamos galinha...trabalhávamos na colheita do algodão...meu pai era soldado, trabalhava de funileiro, de chapa ( descarregava cimento dos caminhões)...
     Lutamos sempre...fomos ensinados pelo meu pai desta forma : quem não trabalha, não come.
 Meu pai não priorizava os estudos, principalmente para as meninas, então decidi que iria estudar por mim.
      Li muitos livros desde menina, escolhi que era esta uma das minhas armas nesta guerra.
      E nesta guerra pela sobrevivência, somos somente 5 os que ainda estão vivos, sendo que um dos meus irmãos não é filho do meu pai, que também já faleceu. Aprendemos a lidar com as nossas necessidades, não recusamos ajuda nem rejeitamos trabalho mas, antes de tudo, assumimos nosso compromisso de cuidar da nossa família, nossa maior riqueza.
      Desde os tempos bíblicos que a riqueza de um homem vinha do número de seus descendentes, esta era uma das razões que justificavam a bigamia, o incesto, o casamento entre cunhados.
      E a guerra deste novos tempos , é diferente daquela do tempo dos meus avós?
      Como vencer esta guerra? Quais são as nossas armas? Contra quem lutamos? e por que?
     Qual o preço que vamos pagar?
     Hoje, mais que nunca, me sinto numa guerra.
    Basta olhar ao redor e ver a miséria nas ruas, as mulheres e as crianças puxando carrinho de papelão; são muitas as pessoas com fome, as crianças, abandonadas, a violência...
    Vamos rever o Estatuto das armas. Isto basta?
    Vamos por mais policia nas ruas. É suficiente?
    Vamos lutar contra o tráfico. E nunca prender os colarinhos branco?
    Que tipo de guerra estão fazendo? Eu não entendo se contra o povo, pois é sempre este que sofre mais...que morre nas filas dos hospitais que fecham...que adoecem por falta de saneamento, de água tratada, de fome...que são levados pelas enchentes...que são empurrados pelos interesses imobiliários, que são manipulados em estatísticas...
    São estas pessoas que perdem seus filhos para o tráfico e que assistem eles morrerem ainda meninos, dependentes do crack e sem tratamento.
   Quem está do lado de cá e quem é o nosso inimigo?
   Estamos armados de que? De um Estado poderoso e capaz de ditar guerra: à violência; à fome; ao trafico; à inflação; à sonegação; à corrupção, são tantas guerras.
Bom mesmo seria a cooperação entre as pessoas, o amor ao próximo...A PAZ. 
Disse Sun Tzu "  Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas..."